terça-feira, 28 de setembro de 2010

A dor da perda

Dedico este texto ao meu querido e amado avô Antonio Tulio que faleceu no último sábado (25/09) aos 87 anos, ao meu pai que apesar de todos os esforços e tentativas não pôde estar presente aqui e a toda família Tulio. E agradeço a todos que estiveram ao meu lado, trazendo apoio e conforto nesse momento de dor. Amo muito vocês!


Não existem palavras, línguas, gestos ou mesmo pensamentos que possam expressar a dor da perda. Ela é profundamente dolorida.

A dor da perda não tem som, não tem voz, e invade o nosso ser de forma silenciosa, e nos leva a pensar por um instante que não há sentido em mais nada e que a vida perdeu o seu brilho.


Nos sentimos perdidos, desnorteados, confusos, atordoados. Parece que está sendo um sonho ruim e que logo logo vamos acordar e tudo está bem, como sempre esteve. A ficha demora a cair.

Porém, é necessário ter em mente que este é um caminho inevitável. Temos todos, um dia ou outro, de uma forma ou de outra (e geralmente de várias formas mesmo), que viver isso. Não porque é uma fatalidade do destino, mas porque faz parte da vida.

E cada um de nós vive, mesmo se de maneira dolorosa igual, de um jeito diferente as diferentes perdas pelas quais temos que atravessar.

Quando alguém que a gente ama morre, nos invade um sentimento de perda irreparável. Um amigo não vale pelo outro, um irmão não vale pelo outro e nada no mundo poderá substituir nossos pais, avós, tios etc. E mesmo se o tempo ameniza essa dor, sempre vai ficar dentro da gente aquele sentimento de vazio.

É a idéia do "nunca mais ver" que dói mais. E quando esta se une à idéia de não termos feito algo mais, não termos dito algo mais, ainda é pior.

Na hora desta dor forte da perda, a vida perde todo o sentido. Temos que ser fortes e acreditar que aquele que se foi está em paz. Deus é justo e tudo tem um sentido, só que nem sempre entendemos.

Devemos assim, trazer em nosso coração as lembranças boas, os momentos de felicidade e de alegria que vivemos com essa pessoa querida que se foi, acreditando sempre que a morte não é o fim, mas o início de uma nova vida junto de Deus: a Vida Eterna.

Quando já nos sentimos preparados para aceitar que estamos vivos, para reagir, o mundo avança e mostra o seu lado belo. Viver é uma dádiva divina.

Por isso vamos antes descobrir, brincar, rir e ser feliz.

A perda é algo para qual o ser humano nunca está preparado. Perante a perda todas as estruturas, todos os nossos planos deixam de fazer sentido, porque essa pessoa já não pode fazer parte deles.

Curioso é que apesar da distância física, sentimo-la mais presente do que nunca no nosso interior, como se vivesse dentro de nós, o que de certo modo é verdade.

Uma pessoa amada nunca morre completamente, vive sempre através dos que a recordam, protegendo e velando pelos que deixou.

Fazer com que os que amamos saibam o que sentimos por eles é uma maneira de se preparar a viver diferente a perda, quando chegar a hora. É preciso dar de si mesmo enquanto se pode. É preciso evitar o "ah, se eu soubesse" e "ah, se eu pudesse voltar" do futuro. É preciso oferecer flores enquanto se pode vê-las e senti-las. É preciso dizer que ama enquanto se pode fazer isso olhando nos olhos da outra pessoa.

Por isso, amigos, se vocês gostam de alguém, digam, demonstrem. Nem todo mundo sabe adivinhar. Transforme em gestos e palavras tudo aquilo que se passa no seu coração.

Vive muito melhor a dor de perda quem sabe que fez a sua parte. Ainda vai doer, mas de maneira bem diferente.


Amo você Vô Nico e sei que o senhor está junto de Deus olhando por todos os seus filhos, netos e bisnetos com o mesmo carinho que fez durante toda a sua vida.


Diogo Medeiros Tulio

Formado em Administração Pública pela UNESP, violonista da missa das 10h e da Pastoral da Crisma

Nenhum comentário:

Postar um comentário